quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vik Muniz no MASP

Depois dos Estados Unidos, Canadá e México, chega ao MASP esse mês VIK, a maior mostra já dedicada ao artista plástico e fotógrafo paulistano, em cartaz no MAM do Rio de Janeiro desde janeiro último. Com 131 trabalhos realizados entre 1988 e 2008, a exposição traça um amplo panorama da produção do artista no período em que já residia em Nova York e chamava a atenção da crítica internacional com fotografias de obras feitas com materiais inusitados. VIK traz ainda vídeos de making of de seus trabalhos.

Serviço:

VIK - Exposição de Vik Muniz no MASP
Av.Paulista, 1578Tel: 11 3251-5644
De 24 de abril até 12 de julho
Ingressos: de R$ 7 a R$ 15

Atlas, Giovanni Francesco Barbieri (Il Guercino)

Obras de Vik Muniz



As obras do artista plástico e fotógrafo Vik Muniz são valorizadas no mundo todo. Vik Muniz é um talento criativo, apaixonado por ícones visuais. Vik nasceu na cidade de São Paulo, Brasil, em 1961, radicado em Nova Iorque desde 1983, mora no Brooklyn onde também têm seu ateliê. O grande responsável pela notoriedade de Vik Muniz no meio artístico novaiorquino foi o crítico de arte do Jornal New York Times, Charles Haggan. Após uma matéria publicada no jornal a respeito de suas obras expostas em uma pequena galeria de N.Y, grandes museus como Guggenheim e Metropolitan Museum of Art passaram a requisitar exposições de suas obras. Dessa maneira Vik Muniz foi o primeiro brasileiro a expor no mais conceituado museu de arte moderna do mundo. 'Vik' também se dedica a estudos e trabalhos com a mídia em parceria com o laboratório do MIT.
Ao longo de sua carreira Vik Muniz realizou exposições: na Flórida, Miami, Montreal, Nova Iorque, México, Canadá, Austrália, Rio de Janeiro.

Retrato de Vik Muniz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro


Quinta-feira, 23 de abril de 2009

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Veja algumas obras feitas por Vik Muniz

Obra feita com peças de quebra- cabeça

Obra feita com chocolate



Obra feita com sucata

Obra feita com lixos
Obra feita com sucatas
Obra feita com restos de lixos

Obra feita com macarrão







Obra feita com picotes de revistas

Obras feita com geléia e outra com creme de amendoim
Obra feito com geléia








De São Paulo a Nova Iorque

Filho de um garçom e uma telefonista, Vik Muniz foi criado em São Paulo, onde iniciou seus estudos de arte, e chegou aos Estados Unidos graças a um acidente. Depois de apartar uma briga de rua, foi atingido por um tiro na perna. O autor do disparo era quem Muniz tentava defender na briga. Para compensar, o homem ofereceu-lhe boa soma em dinheiro, que financiou a viagem para Chicago, em 1983. Dois anos depois, foi para Nova Iorque, onde vive até hoje. O sucesso, no entanto, chegou há 14 anos, quando seu trabalho foi visto em uma galeria por um crítico do New York Times. O artigo lhe abriu portas e rendeu o convite para a exposição New Photography, no MOMA e para a aquisição de obras suas pelo Guggenheim e pelo Metropolitan Museum of Art.

Hoje suas obras estão em acervos particulares e galerias de diversos continentes e em museus como o Tate Modern e o Victoria e Albert Museum, em Londres; o Getty Institute, em Los Angeles; e o MAM de São paulo. Recentemente, o reconhecimento ao seu trabalho lhe rendeu um convite no MOMA de Nova Iorque para ser curado da prestigiada mostraArtist's Choice(escola do artista), realizada em dezembro passado na sede do museu fato inédito para um brasileiro. Vik Muniz é ainda o único brasileiro vivo a figurar no livro 501 Great Artists of All Times, da Penguin Books, ao lado do carioca Hélio Oiticica, falecido em 1980.

O trabalho de Vik também tem sido visto em outros tipos de suporte, como a capa da revista dominical do The New York Times, para a qual criou um retrato de Albert Einstein feito de recortes de papel. Ou ainda o retrato de Vladimir Putin recriado com caviar, puclicado na edição de 75 anos da revista Esquire.

Vik Muniz

Vicente José de Oliveira Muniz (São paulo 1961). Fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Cursa publicidadena Fundação Armando Alvares Penteado - Faap, em São paulo. Em 1938, passa a viver e trabalhar em Nova York. Realiza, desde 1988, séries de trabalhos nas quais investiga, principalmente, temas relativos á memória, á percepção e á representação de imagens do mundo das artes e dos meios de comunicação. Fas uso de técnicas diversas e emprega nas obras, com frequencia, materiaisd inusitados como açúcar, chocolate líquido, doce de leite, catchup, gel para cabelo, lixo e poeira. Em 1988, realiza a série de desenhos The Best of Life, na qual reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista americana Life. Convidado a expor os desenhos, o artista fotografa-os e dá ás fotografias um tratamento de impressão em periódico, simulado um caráter de realidade ás imagens originárias de sua memória. Com essa operação inaugura sua abordagem das questões envolvidas na circulação e retenção de imagens. Nas séries seguintes, que recebem, em geral, o nome do material utilizado imagens de arame, imagens de terra, imagens de chocolate, crianças de açúcar etc. Passa a empregar os elementos, passa a empregar os elementos para recriar figuras referentes tanto ao universo da história da arte como do cotidiano. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as questões envolvidas no registro dessas criações.

Vik Muniz fará obra sobre o dia mundial do combate a AIDS

Segundo informações da Marina do CRT-AIDS de São paulo, 1476 se inscreveram no evento. Não existe mais vagas nos transportes, mas ela pede para quem ainda quer participar, dirigir diretamente para o "Thomeuzão' no domingo.
"Se você vive ou convive com HIV/Aids, participe da ação que vai fazer parte da história do combate à epidemia no país". É com essa chama que o artista plástico e fotógrafo Vik Muniz está convidado cerca de 600 soropositivos para compor sua obra de arte que será uma ação integrante da campanha do Dia Mundial de Luta contra AIDS de 2009, organizada pelo Departamento de DST. Aids e Hepatites virais do Ministério da Saúde.
Os voluntários vão usar cartões coloridos para formar imagens de beijos, símbolo universal do amor e da solidariedade. Essa será a primeira vez que Vik trabalhará sobre imagens de pessoas e sobre o tema HIV\Aids. A exposição da obra ainda não tem uam data e local definidos.
A foto será realizado no dia 20 de setembro, ás 11h, no ginásio pascoal Thomeu, o Thomeuzão, que fica na Rua João Antônio Berenardes, s/n, Bairro Bom Clima , Guarulhos-SP.

O artista Vik Muniz neste domingo, dia 20/04/2010, fez 5 mosaicos de beijo.























segunda-feira, 24 de maio de 2010

Márcia Bernardon



Márcia bernardon

Vik Muniz conta suas histórias de
superação na Fundição Congresso
Encontro com o artista plástico faz parte da Semana de Inclusão Digital
Foto por Divulgação
O documentário Lixo Extraordinário sobre o trabalho de Vik Muniz com catadores de lixo em Duque de Caxias foi premiado no Festival de Sundance


Nesta quinta (25), às 18h30, o artista plástico Vik Muniz dá uma palestra gratuita sobre histórias de superação na Fundição Progresso. O encontro integra a programação da 10ª Semana de Inclusão Digital, promovido pelo Comitê para a Democratização da Informática na casa carioca.

Ainda hoje, há oficinas e edição de imagens, música eletrônica, vídeo e TV digital, além da inauguração da exposição Agentes de Transformação, que retrata pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelo uso da tecnologia.

SERVIÇO
Semana de Inclusão Digital (www.cdi.org.br)
Endereço: Fundição Progresso - r. dos Arcos, 24, Lapa, Rio de Janeiro (RJ) - (21) 2220-5070
Horário: quinta (25), das 14h às 21h
Grátis

Vik Muniz no MASP

Artista ganhou fama mundial com obras feitas de alimentos e até diamantes.G1 mostra com exclusividade imagens do videoclipe que vai abrir novela. Dolores Orosco Do G1, em São Paulo.

O videoclipe de abertura da novela “Passione” terá assinatura de grife. O badalado artista plástico Vik Muniz é o autor das obras que serão exibidas diariamente no horário nobre a partir da próxima segunda-feira (17), data de estreia da trama do autor Silvio de Abreu.



Obra que Vik Muniz criou especialmente para a abertura da novela 'Passione'. Instalação foi filmada pela equipe de Hans Donner e será exibida diariamente a partir de segunda (17). (Foto: Divulgação/TV Globo)

Paulistano radicado em Nova York, Muniz ganhou fama internacional com suas telas e esculturas feitas de alimentos, páginas de revistas, monitores de computador e até diamantes.

“Sou filho da cultura de massa. Ter meu trabalho na abertura da novela é como exibi-lo em uma exposição para 80 milhões de pessoas”

Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as réplicas da Mona Lisa confeccionadas com geléia de morango e pasta de amendoim, do icônico retrato de Che Guevara desenhado com feijão, e a Medusa concebida em um prato de macarrão com molho de tomate.

“Sou filho da cultura de massa. As novelas fazem parte da minha memória afetiva do Brasil”, revela o artista, que vive há quase 30 anos fora do país. “Ter meu trabalho na abertura da novela é como exibi-lo em uma exposição para 80 milhões de pessoas”, comemora Muniz, que já foi tema de mostras no Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma) e teve obras adquiridas pelo Metropolitan e o Guggenheim.

A convite de Denise Saraceni, diretora de “Passione”, Muniz produziu três instalações feitas com lixo, a partir da foto de um casal se beijando. As obras foram filmadas pela equipe do designer Hans Donner, autor da edição do vídeo.

A abertura da novela terá como música-tema a faixa "Aquilo que dá no coração", do cantor Lenine.

“A reciclagem é um dos assuntos que 'Passione' vai abordar. E o reaproveitamento do lixo é um tema que vai ao encontro do meu trabalho”, explica o artista, que usou pneus para reproduzir os cachos do cabelo da "musa" que aparece na instalação.

Em “Passione”, o ator Francisco Cuoco interpretará Olavo, um milionário dono de uma empresa de reciclagem, conhecido como “o rei do lixo”. “No lixo é possível encontrar latas e papéis velhos, restos de comida, mas também sei de casos de catadores que acharam jóias jogadas fora. Misturei tudo isso ao pensar na abertura da novela”, completa Muniz.

O artista conta que as obras foram produzidas durante dois meses no ateliê que ainda mantém no Brasil, localizado no bairro carioca de Parada de Lucas. “Foi uma loucura! Caminhões entravam e saíam trazendo material reciclável, cerca de 4,5 toneladas de lixo”.

Muniz conta que as instalações "Passione" serão leioladas e a renda será revertida para os projeto "Criança esperança" e para a ONG "Spetaculu", que promove cursos de arte em comunidades carentes no Rio. "Todo trabalho que desenvolvo no Brasil é voltado para a caridade. Espero que o sucesso da novela ajude minhas obras a arrecadarem uma boa verba para essas instituições", torce.

O artista espera que a abertura de "Passione" entre para a história da teledramaturgia brasileira, como outros vídeos que considera "inesquecíveis". "Como era incrível a abertura 'Selva de Pedra'!", recorda Muniz, citando a novela de Janete Clair, que foi ao ar 1986. "Adorava ver a imagem daqueles prédios brotando do chão, refletindo a imagem do Tony Ramos..."

Vik Muniz no MoMA

Pela primeira vez um artista plástico brasileiro é convidado a organizar uma exposição no mais influente museu de arte moderna do mundo
Tania Menai, de Nova York

O fotógrafo paulistano Vik Muniz gosta de dizer que levou 17 anos para fazer sucesso da noite para o dia. Iniciou sua carreira nos anos 70, mudou-se para Nova York em 1983, mas foi em 1995 que ganhou reconhecimento. Naquele ano, conseguiu emplacar seu trabalho em duas galerias pequenas – ainda assim, numa delas, suas obras estavam tão escondidas que quase tocavam o chão.
Tratava-se da série Crianças de Açúcar, em que ele fotografou imagens de crianças formadas por... açúcar. Seu talento, embora escondido, não escapou aos olhos de Charles Haggan, crítico de artes do New York Times, que flanava pela galeria. Sua resenha no jornal americano foi o passaporte para aquisições das obras de Vik pelos museus nova-iorquinos Metropolitan Museum of Art e Guggenheim. O Museu de Arte Moderna (MoMA) logo o escalou para a exposição New Photography, a grande porta para o mundo nova-iorquino da fotografia. Treze anos e inúmeras obras e exposições mais tarde, ele é considerado, hoje, aos 47 anos, um dos artistas mais produtivos e valorizados de sua geração. Seu prestígio é tal que ele será o curador da nona versão da Artist’s Choice (Escolha do Artista), que ocorrerá entre os dias 14 de dezembro de 2008 e 23 de fevereiro de 2009. Nesse projeto, criado pelo MoMA em 1989, os artistas exercem o papel de organizadores da exposição, com liberdade total para escolher obras alheias. É a primeira vez que um brasileiro tem essa oportunidade.
Seu trabalho também pode ser visto no restaurante Bar Boulud, em Nova York: uma série de quadros brancos com manchas de vinho, criada a quatro mãos com o chef Daniel Boulud. Na edição comemorativa de 75 anos da revista americana Esquire, publicada neste ano, pôs um retrato de Vladimir Putin feito de caviar. Vik ainda prepara a capa e mais cinco ilustrações da edição de fim de ano da revista dominical do jornal The New York Times. Essa já é a terceira encomenda da mesma revista. As fotografias feitas por Vik fazem parte do acervo particular e de galerias em São Francisco, Madri, Paris, Moscou e Tóquio, além de museus como Tate Modern e o Victoria & Albert Museum, em Londres, o Getty Institute, de Los Angeles, e o MAM, em São Paulo.
AUTO-RETRATO Vik Muniz na sala de sua casa-ateliê, no Brooklyn, em Nova York, ao lado da obra em que reproduziu uma foto sua com brinquedos de plástico e fotografou

De onde vem o sucesso de Vik? Da originalidade e da ousadia, para ficar em dois substantivos. Ou do fato de que Vik é pop, na tradição de Andy Warhol. Entre muitas outras ousadias, Warhol produzia retratos multicoloridos de celebridades – como Marilyn Monroe – e afirmava que seu sonho era “pintar como uma máquina”. Vik vai mais ou menos na mesma direção, usando e subvertendo símbolos da cultura popular contemporânea. “É muito difícil identificar as razões do sucesso de Vik Muniz, mas, sem dúvida, ele tem perfil de um artista muito atuante e extremamente produtivo”, afirma Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. “E Nova York é um dos centros mais importantes para a arte do mundo”. Quando as pessoas pensam em artistas plásticos brasileiros, diz Lisbeth, o nome de Vik sempre surge.
"Eu faria o retrato da Sarah Palin de gelo: derrete rápido”
Seus materiais são caviar, chocolate, sucata, diamantes, macarrão e papel picado. Ele transforma essas coisas em imagens – em geral, retratos – e depois as fotografa. Fez um retrato de Monica Vitti com diamantes e uma Mona Lisa de pasta de amendoim. A idéia não é nova no mundo da arte, mas ele a transformou em marca registrada. “Eu faria o retrato da ex-candidata republicana Sarah Palin de gelo: derrete rápido”, diz ele. Um importante aspecto da obra de Vik, segundo a professora Lisbeth, é lidar com a memória. Ele reinterpreta imagens significativas para o universo da arte como A Morte de Marat (obra-prima do neoclassismo, de Jacques Louis David, que mostra o líder revolucionário da Revolução Francesa assassinado na banheira). “Vik faz experimentações com materiais que são efêmeros, como chocolate ou caramelo, e depois fotografa as imagens transformando o efêmero em eterno”, afirma a professora.

A PEDIDOS Vik Muniz criou um trabalho com arame, exclusivo, para acompanhar a foto feita por ÉPOCA
Outro traço comum a ele e Warhol é a voracidade. Vik faz muita coisa simultaneamente, em várias áreas: fotografa, expõe, organiza exposições, edita revistas, ilustra revistas, escreve livros. É um trator, além de leitor ávido, grande conhecedor de história da arte e pessoa muito interessada na internet. Tem quase 2.500 “amigos” no site de relacionamento Facebook. O artista vive entre sua casa no Brooklyn e o Rio de Janeiro. “Seu trabalho é generoso. Oferece algo tanto para alguém que vê uma obra pela primeira vez quanto para colecionadores de arte”, diz Meg Malloy, da galeria Sikkema Jenkings & Co., que o representa em Nova York. Ela informa que o preço das obras do artista começa em US$ 9 mil. Vik é casado com a artista plástica brasileira Janaina Tschape e os dois têm uma filha, Mina, de 3 anos. A casa do Brooklyn é o estúdio do casal.
Vik gosta de contar histórias. Lembra do dia em que apertou a mão de Barack Obama, em 2005, quando visitava a cidade de Aspen. Diante do então senador, elogiou seu discurso feito um ano antes na convenção democrata e recebeu um convite de Obama para assistir a uma palestra naquele dia. Vik não pôde aceitar o convite, mas, minutos depois, ligou para sua assistente, Erika: “Acabei de apertar a mão do próximo presidente dos Estados Unidos”. Na eleição, fez sua parte para cumprir a profecia. “Eu estava na fila às 5 horas da manhã para votar nele”, afirma. O artista também participou de eventos para levantar fundos para a campanha de Obama – e acredita que o presidente eleito tem uma história parecida com a sua. “Ambos éramos sucessos improváveis”, diz. Vik nasceu no centro de São Paulo, filho de um garçom e uma telefonista. “Quem nasce nesse cenário não imagina ser capaz de ganhar dinheiro como artista, viver de arte”, diz ele. “A vinda para Nova York me permitiu viver de idéias”. Vik mantém o Centro Espacial do Rio de Janeiro, um projeto social que envolve jovens carentes interessados em arte.
Ele chegou aos Estados Unidos por Chicago, onde tinha parentes. Meses depois, seguiu para Nova York. Sua intenção era estudar inglês na cidade por seis meses e procurar um emprego melhor em São Paulo. Mas esse dia nunca chegou. Desembarcou em Nova York num domingo de verão. Andando pelas ruas, encontrou sem querer o MoMA. De lá, diz, foi para o Central Park, onde havia um concerto de música clássica que foi seguido de fogos de artifício. “Nunca tinha visto algo tão lindo. Naquele dia, decidi que iria morar aqui”, afirma. Seus primeiros anos na cidade foram tão difíceis que ele teve de escolher entre comida e passe de metrô. Também já passou noites em abrigos. “Ter vindo para cá foi a minha melhor decisão”, diz. “Aqui, não importa a classe social da qual viemos, temos chance de chegar a algum lugar. No Brasil dos anos 70, isso não era possível. Pelo menos não para mim”.
Em São Paulo, Vik estudava teatro e ensinava desenho acadêmico. Não se interessava por arte contemporânea. Em Nova York, fez cursos de artes cênicas. O teatro lhe dava a liberdade de usar várias técnicas e colocá-las todas no mesmo formato – o mesmo que veio a fazer mais tarde em sua fotografia. “Estou sempre falando da relação entre os diversos meios”, afirma. “Minha fotografia vem do desenho”. Ele comprou a primeira câmera em 1990, já com 16 anos de carreira. Antes da fotografia, fez esculturas: “Ainda tenho vontade de trabalhar com teatro e, principalmente, com cinema, mas ainda não tive coragem”.

CRIAÇÃO A bagunça no ateliê-estúdio do artista, no Brooklyn, Nova York, onde são feitas experiências com brinquedos, alimentos e sucata que se transformam em obras imortalizadas pela fotografia

Em geral, Vik trabalha à noite – “Quando o telefone não toca, minha mente já está cansada e posso dedicar minha atenção, que já é mínima, ao trabalho manual” –, e seu processo de criação é, segundo ele, completamente caótico. “Não anoto idéias. Quero que elas fiquem mudando na minha cabeça até o momento certo de executá-las. Isso pode durar dois ou três anos”, diz. Bem relacionado com colecionadores, acha que a atual crise financeira vai afetar muito o mercado das artes, mas diz que nem tudo está perdido. “Quando está todo mundo chorando, tem alguém que vende lenço”, afirma. Vik explica que os colecionadores começam adquirindo obras de galerias menores. As chamadas galerias introdutórias. Nelas, têm chance de se educar sobre arte e, geralmente, são atendidos com simpatia. Anos depois, passam a comprar nas galerias de mais prestígio e menos simpatia. “Nesta crise, as galerias pequenas vão fechar, e as grandes vão precisar ser mais simpáticas”, afirma. “O nome do novo jogo é sobrevivência”.
A participação de Vik no Artist’s Choice – seu feito mais recente – foi resultado da boa relação com o museu. Há um ano, ele circula pelo acervo do MoMA escolhendo obras para a exposição que vai organizar. Tem a sua disposição obras como Les Demoiselles d’Avignon, do espanhol Pablo Picasso, Noite Estrelada, de Vincent Van Gogh, e The Bather, de Paul Cézanne, além de trabalhos dos artistas americanos Andy Warhol, Jackson Pollock e Jasper Jones. Dessa oferta de valor incalculável, já escolheu 80 peças, entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos, vídeos e filmes. Quer, com elas, evidenciar a ligação que existe entre os trabalhos de artistas tão distintos como Picasso e Duchamp. Vik intitulou a mostra de Rebus, um jogo que funciona como quebra-cabeça. “Nesse caso, a ligação entre os trabalhos importa mais que o trabalho em si”, afirma. Não há nada do próprio Vik na exposição. No ano passado, seu trabalho ganhou uma amostra exclusiva no P.S.I – um anexo do MoMA no bairro de Quens – e agora o artista brasileiro acredita ser candidato a uma retrospectiva no prédio principal. Mas não para já. “Terei de esperar uns dez ou 15 anos”, diz ele. Para os padrões da consagração artística em Nova York, Vik Muniz ainda é muito jovem.

Exposição Vik Muniz 16/04 à 8/08 (Espaço Cultural UNIFOR)

Vik Muniz imprime sua marca ao lidar com a memória, a ilusão e sobretudo, o humor. Apoiado no uso de materiais pouco convencionais, ele não apenas registra a sua versão do mundo, ele recria o mundo. Seja na Mona Lisa de geléia e pasta de amendoim, no soldado composto por inúmeros soldadinhos de brinquedo ou na Medusa de macarrão e molho marianara. E sempre, como o artista plástico e fotógrafo brinca, levando o humor muito a sério.
Antes de seu olhar como fotógrafo captar o que se tornará o produto final de sua obra, Vik Muniz cria um verdadeiro teatro, com cenas, retratos, objetos e imagens, alguns em escala gigantesca, usando elementos tão diversos como papel picado, sucata, molhos e algodão. No Espaço Cultural Unifor, a partir do dia 16 de abril, estarão obras de mostra inusitada que é a trajetória profissional desse fotógrafo paulistano, há 25 anos radicado em Nova York.

A seguir, imagens de algumas obras que estarão na exposição
Crianças de açúcar

Toy Soldier

Auto Retrato

Mona Lisa Dupla

Cavalo

Elizabeth Taylor

Medusa Marinara

Marilyn Monroe

Documentário sobre trabalho de Vik Muniz com lixo estreia em Berlim



O trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo - o Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro - virou um documentário que será exibido pela primeira vez neste sábado (13), no Festival de Cinema de Berlim.

Co-produzido pela O2 Filmes e pela produtora inglesa Almega Projects, o filme “Lixo extraordinário” (“Waste Land”), com direção de João Jardim, Karen Harley, Lucy Walker, venceu o prêmio do público de melhor documentário internacional no Festival de Sundance.

O documentário entra na mostra "Panorama", paralela à disputa ao Urso de Ouro. O co-diretor João Jardim e o produtor Hank Levine estarão no Festival acompanhando as sessões do longa, que também será exibido nos dias 14, 19 e 21 de fevereiro na capital alemã.

Com direção conjunta de João Jardim (“Janela da alma” e “Pro dia nascer feliz”), da cineasta Karen Harley e da documentarista inglesa Lucy Walker, produção de Hank Levine e produção executiva de Fernando Meirelles e Andrea Barata Ribeiro, “Lixo extraordinário” relata a trajetória do lixo dispensado no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina localizado na periferia de Duque de Caxias (RJ), até ser transformado em arte pelas mãos do artista plástico Vik Muniz e seguir para prestigiadas casas de leilões internacionais. Obras que, muitas vezes, retornam ao Rio para compor as paredes da alta sociedade carioca.

“É surpreendente encontrar tamanha beleza no meio de tanto lixo, descaso e esquecimento. O trabalho do Vik funciona como um bálsamo no meio disso”, observa a produtora executiva.